Por Redação Waves em 29/11/11 00:01 GMT-03:00
Um polémico texto publicado pelo site do jornal inglês The Independent aborda a "guerra" entre havaianos e brasileiros no North Shore de Oahu, Hawaii.
Com o título "Boys from Brazil stir up a surf war" (Garotos do Brasil atiçam guerra no surf), o jornalista Guy Adams levanta questões referentes ao localismo no inverno havaiano.
O big rider brasileiro Edison De Paula, que já presenciou várias cenas no North Shore, foi um dos entrevistados. "Um brasileiro pode ter cometido um erro na água ou ter sido muito agressivo. Ele pode até não ter feito nada errado, mas não importa. Ele vai ser punido", diz De Paula.
"Alguns havaianos, quando veem alguém rabeando um amigo querido, vão correr até ele na praia e bater. Em seguida, vão dizer pra deixar o North Shore e nunca mais voltar", continua Edison.
O jornalista acredita que as tensões entre havaianos e brasileiros tenham aumentado no Pipe Masters de 2007, quando Sunny Garcia agrediu Neco Padaratz no outside e voltou a partir pra cima do brasileiro na areia.
"Ninguém sabe exatamente quantas lutas eclodiram desde então. A polícia não mantem um registro e os moradores já perderam a conta. Mas, quando a temporada começa, dezenas de vídeos no Youtube e relatos de testemunhas oculares comprovam a xenofobia aos invasores do paraíso", escreve Guy Adams.
"O problema dos brasileiros é que a nossa cultura é bem diferente da cultura norte-americana", acredita De Paula, que, apesar de viver no Hawaii há duas décadas, afirma que não tem chance alguma de ser aceito como verdadeiro local.
"Quero dizer que os brasileiros são pessoas naturalmente felizes. Nós nos expressamos da maneira como nos comportamos e falamos, e às vezes dessa forma somos agressivos no oceano, e geralmente isso é mal interpretado. Somos naturalmente pessoas de voz alta e expressiva, isso chateia algumas pessoas".
Segundo o jornalista, os havaianos acusam os brasileiros ansiosos de frequentemente rabearem suas ondas ou pegar ondas de quem teria prioridade pelo posicionamento. Isso ocasiona colisões ou vacas, colocando os surfistas em perigo.
Ken Bradshaw, que não é havaiano mas tem moral na ilha, disse ao The Independent que os brasileiros são tão impopulares no Hawaii agora como eram os australianos na década de 70.
"Eles vêm aqui com uma atitude, mas não é a casa deles. Eles são convidados que entram em nossas casas, mas não mostram respeito", critica Bradshaw.
"Eu odeio soar racista, mas a realidade é que em qualquer outra cultura, os grupos que chegam afetam a segurança de pessoas que já estão lá", continua o surfista nascido no Texas.
"Os brasileiros aqui são como imigrantes asiáticos para o continente: eles criam pequenas Chinatowns (comunidades chinesas). Por isso, quero dizer que eles surfam juntos em grupos de 8 ou 10 pessoas. Eles querem dominar, querem ser o grupo mais agressivo na água. A maneira como eles se comportam pode parecer ofensiva", finaliza Ken Bradshaw.
Para concluir a reportagem, o The Independent entrevistou Kala Alexander, integrante do Wolfpak, grupo criado há quase uma década por jovens locais com fama de brigões.
O jornalista perguntou a Kala, que interpreta ele mesmo no filme Blue Crush - um local encrenqueiro - como ele lida com estrangeiros que o irritam na água. "Talvez eu reme na direção dele, fale pra sair ou tiro a cordinha. Mais tarde, se eu ou algum dos outros caras encontrá-lo, ele vai receber uma lição", avisa Alexander.
A reportagem não cita, mas os problemas envolvendo brasileiros e havaianos não são recentes. No final dos anos 80, um grupo com cerca de 40 brasileiros alugou quartos na famosa casa de Miss Millie em Rocky Point.
Havaianos furiosos cercaram a casa na tentativa de resolver no braço desentendimentos ocorridos no mar. Diante desta tentativa de intimidação, os brasileiros passaram várias dias sem sair de casa.
Ainda nos anos 70, a extinta revista Brasil Surf publicou uma reportagem sobre a presença de cariocas no Hawaii e o falecido Pepê Lopes relatava um caso de agressão sem sentido.
"Levei um soco no rosto quando remava de volta ao pico em Banzai Pipeline", dizia o legend, sexto lugar no Pipe Masters de 1976.
Fonte: http://waves.terra.com.br/surf/noticia/brazucas-na-mira/50361







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